segunda-feira, 2 de março de 2009

__O ROMANCE DE HELOÍSA E ABELARDO__


Quem nunca ouviu falar da história de Amor entre Heloísa e Abelardo?
Dois célebres amantes que fizeram de tudo para ficarem juntos!!!
Não sei se foi pelo facto de ser um Amor proibido, mas a verdade é que ambos precisavam, almejavam, ansiavam (...) desesperadamente por estar juntos...
E quanto mais proibido se tornava o Romance entre os dois, mais necessidade sentiam um do outro...
A história entre Abelardo e Heloísa passa-se em Paris nos finais da Idade Média.
Pedro Abelardo (o maior filósofo do século XII) formara-se em professor de Teologia, Filosofia e Lógica ao mesmo tempo, na Catedral de Notre-Dame. A sua fama de grande mestre rapidamente se espalhou pela Região. E é assim que Heloísa, sempre muito literária e culta, se encanta por Abelardo, sem mesmo nunca o ter conhecido pessoalmente.
Heloísa interessava-se pelas teorias polémicas de Abelardo. Tentou aproximar-se dele através dos seus professores mas as suas tentativas foram sempre em vão. Porém, numa tarde, como costume, Heloísa saiu para passear com a sua criada Sibyle e aproximou-se de um grupo de estudantes reunidos em torno de alguém. O seu chapéu foi levado pelo vento, indo parar justamente aos pés do jovem que era o centro das atenções: o mestre Abelardo. Ao escutar o seu nome, o coração de Heloísa disparou... Abelardo, gentilmente, apanhou-lhe o chapéu e entregou-lho.
Desde esse encontro, Heloísa não se conseguiu esquecer mais de Abelardo. Fingiu estar doente, dispensou os seus antigos professores e passou a interessar-se pelas obras de Platão e Ovídio, pelo Cântico dos Cânticos, pela alquimia e pelo estudo dos filtros, essências e ervas. Ela sabia que Abelardo seria atraído pelas suas actividades e viria ao seu encontro. Quando ele ficou a saber dos estudos de Heloísa (conforme o previsto por ela), Abelardo procurou-a imediatamente.
Abelardo tornou-se então amigo de Fulbert de Notre-Dame, tio e tutor de Heloísa, que logo o aceitou como o mais novo professor da sua sobrinha, muito embora Abelardo já tivesse 37 anos de idade e Heloísa apenas tivesse 17. Fulbert hospedou Abelardo em sua casa, em troca de aulas que ele daria à sua sobrinha. Essas aulas seriam obrigatoriamente nocturnas pois durante o dia Abelardo ensinava na escola. Em pouco tempo, essas aulas passaram a ser anciosamente aguardadas e, sem demora, contando com a confiança de Fulbert, os dois passaram a ficar a sós. Fulbert ía dormir e a sua criada retirava-se discretamente para o quarto ao lado. Em alguns meses, conheciam-se muito bem e só tinham paz quando estavam juntos.
Apaixonaram-se perdidamente, mas os problemas começaram a surgir... Sibyle (a criada e confidente de Heloísa) adoecera e uma outra serva que a substituíra encontrou uma carta de Abelardo dirigida a Heloísa, e entregou-a a Fulbert que imediatamente o expulsou.
No entanto, isso não foi suficiente para separá-los.
Heloísa era inteligente e rapidamente preparou uma poção para adormecer o seu tio e com a ajuda da criada e confidente Sibyle, Abelardo foi conduzido ao porão, local que passou a ser o ponto de encontro dos dois amantes.
Uma noite, porém, alertado por outra criada, Fulbert acabou por descobri-los. Heloísa foi espancada e a casa passou a ser cuidadosamente vigiada. Mesmo assim o Amor de Abelardo e Heloísa não diminuiu, e eles passaram a encontrar-se onde pudessem: sacristias, confessionários e catedrais, os únicos lugares que Heloísa podia frequentar sem acompanhantes ao seu lado.
Heloísa acabou por engravidar e, para evitar aquele escândalo, Abelardo levou-a à aldeia de Pallet, situada no interior da França. Ali, Abelardo deixou Heloísa aos cuidados de sua irmã e regressou a Paris. Entretanto, nasce o filho de ambos a quem deram o nome de Astrolábio. Abelardo não aguentou a solidão que sentia longe da sua amada e resolveu falar com Fulbert para pedir o seu perdão e a mão de Heloísa em casamento. Surpreendentemente, Fulbert perdoou-o e concordou com o casamento.
Ao receber as boas novas, Heloísa deixou a criança com a irmã de Abelardo e voltou a Paris, sentindo, no entanto, um prenúncio de tragédia.
Casaram-se no meio da noite, às pressas, numa pequena ala da Catedral de Notre-Dame, sem sequer trocarem alianças ou um único beijo diante do Sacerdote. O sigilo do casamento não durou muito tempo, e logo começaram a difamar Heloísa e a duvidar da educação que Fulbert lhe dera. Ofendido, Fulbert resolveu vingar-se de Abelardo e, por isso, contratou dois "carrascos" e pagou-lhes para lhe invadirem o quarto e lhe arrancarem o membro viril.
Após essa tragédia (castração), Abelardo e Heloísa nunca mais se voltaram a falar... Abelardo envergonhado, pediu a Heloísa para ir para o Convento de Santa Maria de Argenteul, que fizesse os votos monásticos e ingressasse na vida religiosa como prova do seu amor por ele(Heloísa tinha apenas 20 anos). Ela passou a vestir um hábito religioso e ele também se retirou para o Mosteiro de Saint-Denis. Em profundo estado de depressão, Heloísa só voltou a retornar à vida aos poucos, conforme íam surgindo notícias de melhora do seu amado...
Para tentar amenizar a dor que sentiam pela falta um do outro, ambos passaram a dedicar-se única e exclusivamente ao trabalho. Abelardo construiu uma escola ao lado do convento onde se encontrava Heloísa. Todos os dias se viam mas não se falavam... No entanto, passam o resto das suas vidas a trocar cartas de amor...
Tempos depois, Abelardo acabou por falecer, tinha nessa altura 63 anos (1142). E passados poucos anos mais tarde , Heloísa também faleceu (1162). A pedido de Heloísa, as suas alunas resolveram que, pelo Amor dos dois, deveriam deixá-los ficar juntos ao menos após a morte.
Conta a lenda que: quando abriram a sepultura em que se encontrava Abelardo, este estava com os braços abertos, como se estivesse à espera da sua amada!!!
Eis o local onde, finalmente, Abelardo e Heloísa ficaram juntos e encontraram paz: